O título é de um artigo do padre Geraldo Martins Dias, presbítero da Arquidiocese de Mariana, coordenador arquidiocesano de pastoral e pároco da paróquia Nossa Senhora da Glória, em Passagem de Mariana – Minas Gerais e publicado pela Revista Vida Pastoral, de novembro e dezembro. Para quem não a conhece, embora tenha mais de meio século de publicação pela editora Paulus é destinada para sacerdotes e agentes de pastoral.
O padre Geraldo Dias oferece uma importante contribuição sobre a Exortação Apostólica Pós-Sinodal do papa Francisco, Amoris Laetitia ( A Alegria do Amor), depois do Sínodo da Familia, com o objetivo de ajudar agentes de pastoral a ter uma visão geral da Exortação e apontar algumas chaves de leitura na perspectiva vivencial e pastoral. O artigo é bastante contextualizado e com analises sobre as pessoas aceitarem a si mesmo, saber conviver com as próprias limitações e inclusive perdoar-se, para poder ter essa mesma atitude com os outros, além de outras citações do papa Francisco.
Retirei do artigo o seguinte trecho: A lógica da integração é a chave do seu acompanhamento pastoral, para saberem que não só pertencem ao Corpo de Cristo, que é a Igreja, mas podem também ter disso mesmo uma experiência feliz e fecunda. São batizados, são irmãos e irmãs, o Espírito Santo derrama neles dons e carismas para o bem de todos. A sua participação pode exprimir-se em diversos serviços eclesiais, sendo necessário, por isso discernir quais das diferentes formas de exclusão atualmente praticadas em âmbito litúrgico, pastoral, educativo e institucional possam ser superadas. Não só não devem sentir-se excomungados, mas podem viver maturar como membros vivos da Igreja, sentindo-a como uma mãe que sempre os acolhe, cuida afetuosamente deles e encoraja-os no caminho da vida e do Evangelho.
Em outro trecho do excelente artigo, o padre Geraldo Dias, dá um destaque a misericórdia relatando: Em consonância com esse tema geral da misericórdia e caridade, o papa Francisco relata que a eucaristia “não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos”. O papa não chega a expressar uma permissão geral da admissão à comunhão das pessoas divorciadas e recasadas sem anulação, mas está claro que ele deixa a admissão aberta em casos de discernimento. Não abre automaticamente a porta para a mudança, mas certamente nos informa onde está a chave da porta, a saber, como já explicamos, sob o capacho do discernimento pastoral orientado e da decisão de uma consciência informada.
O que deve prevalecer, portanto é a misericórdia, e isso vai exigir da Igreja verdadeira conversão, uma vez que temos dificuldade, na pastoral, de dar lugar “ao amor incondicional de Deus”. “Pomos tantas condições à misericórdia, que a esvaziamos de sentido concreto e real significado, e esta é a pior maneira de frustrar o Evangelho.”