Coluna revelou que aeronave de R$ 2,8 milhões liga senador do PDT ao Careca do INSS, um dos operadores da Farra do INSS.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve votar a convocação do piloto Reissanluz Sousa de Oliveira na próxima quinta-feira (9/10). O profissional é apontado como um dos que mais realizou voos em jatinho usado pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA) e o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS.
Como a coluna revelou, o jatinho de R$ 2,8 milhões representa um elo entre os dois. Weverton compartilhou o uso da aeronave com o Careca do INSS, pivô da fraude bilionária contra aposentados e pensionistas. Trata-se de um beech aircraft modelo F90 e prefixo PT-LPL. A aeronave usada pelo senador pertence ao advogado Erik Marinho, que defende o Careca do INSS perante o Supremo Tribunal Federal (STF) na Operação Sem Desconto.
Documentos obtidos pela coluna mostram que o Careca do INSS usou o jatinho pelo menos duas vezes em 2024, em 2 de fevereiro e em 13 de julho. Em ambas as ocasiões, o voo partiu de um aeroporto executivo em São Paulo.
O Metrópoles flagrou o senador Weverton utilizar a mesma aeronave para ir e voltar de São Luís, no Maranhão. A reportagem o fotografou descendo do jatinho nos dias 1º e 15 de setembro, no Aeroporto Internacional de Brasília. Pelo menos desde o início de 2024, a maioria dos percursos se dá entre Brasília, São Paulo e a capital maranhense.
Além de Reissanluz, o relator também quer convocar um piloto de avião da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). Henrique Traugott Binder Galvão é apontado como o que mais realizou voos para o secretário Silas da Costa Vaz, acusado pela CPMI do INSS de ser um laranja da entidade, uma das principais investigadas no esquema de descontos indevidos.
Os requerimentos foram apresentados na segunda-feira (6/10) pelo relator da CPMI do INSS, Alfredo Gaspar (União-AL). Tanto Reissanluz quanto Henrique devem ser convocados como testemunhas.
“Com efeito, por ter conhecimento de quem utilizava as aeronaves como passageiro, o coloca em posição privilegiada de oferecer informações relevantes sobre possíveis conexões com práticas fraudulentas que afetaram milhões de aposentados e pensionistas”, salientou Gaspar em ambos os documentos.
O Careca do INSS prestou depoimento à CPMI em 25 de setembro. Na data, negou não só a participação na fraude, revelada pelo Metrópoles, bem como qualquer tipo de relação com deputados e senadores:
“Não existe essa rede de relacionamento minha com parlamentares, qualquer que seja, haja vista que vocês são um grupo inteligente, seleto. Pergunte a quem me conhece aqui dentro dessa casa. Ninguém me conhece. Eu não tenho interesse, eu não trabalho com o governo, qualquer que seja as suas esferas”, disse.
Coluna do Tácio Lorran – Metrópoles