Os ataques a coletivos e escolas públicas em São Luís são decorrentes de problemas sérios e graves dentro do Sistema Penitenciário e que se não forem rigorosamente corrigidos, a problemática tende a continuar com proporções inimagináveis. O elevado número de agentes prisionais recrutados através de seletivos com datas estabelecidas para o inicio e o término do contrato, com qualificação bastante precária, salários bastante reduzidos em relação a agentes e inspetores penitenciários e colocados para trabalhar em unidades prisionais, onde estão bandidos de elevados índices de periculosidades é uma espécie de bomba relógio que pode explodir a qualquer momento. Outro fato grave é que elementos que praticaram delitos graves quando eram terceirizados como monitores e que deveriam estar presos, retornaram ao Sistema Penitenciário através de seletivos e hoje exercem funções bem influentes dentro das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
A diretoria do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Maranhão, durante reuniões com o Secretário de Administração Penitenciário e também solicitou ao governador Flavio Dino, a realização de concurso público para agentes e inspetores penitenciários, exemplos que foram seguidos por vários Estados e que conseguiram reduzir consideravelmente os problemas nos presídios.
Por sucessivas vezes denunciei aqui a inoperância do Serviço de Inteligência do Complexo Penitenciário de Pedrinhas e um serviço de videomonitoramento, que não cobre todos locais das unidades e muitas celas, que justamente são as preferenciais dos periculosos com articulações compactuadas. O que fica cada vez mais claro é que a direção da Secretaria de Administração Penitenciária vem fazendo uma série de maquiagens tentando mostrar para a população um sistema pacificado e até referência para unidades da federação, tendo como exemplo o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, e com muita velocidade coloca na mídia para dar uma impressão de mudanças radicais e uma avançada ressocialização de presos, enquanto isso a criminalidade se organiza dentro das unidades prisionais para fazer o que estamos vendo em nossa cidade.
Delegado da SEIC faz grave denuncia
Em entrevista a uma emissora de televisão no dia de ontem, o delegado Thiago Bardal, Superintendente Estadual de Investigações Criminais, manifestou-se bastante preocupado com a realidade do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, onde o crime está instalado e organizado, quando destacou que em apenas em uma cela do Cadeião do Diabo, hoje transformado em Unidade de Ressocialização foram apreendidos 18 celulares. O Superintendente manifestou-se preocupado com o elevado número de bandidos com regalias e favorecimentos para ordens de dentro dos presídios.
Com serviço de inteligência ineficaz, videomonitoramento inexpressivo, a maioria do pessoal que está dentro das unidades sem capacidade técnica e as facilidades oferecidas aos bandidos principalmente com celulares, drogas e outras privilégios e as naturais recompensas, quando ocorre a ruptura, surge o que está acontecendo na cidade.
O Sistema de Segurança Pública tem sido surpreendido com os fatos que emanam das unidades prisionais e encontram muitas dificuldades para o enfrentamento. Se o Serviço de Inteligência do Complexo de Pedrinhas funcionasse efetivamente e houvesse uma interação com a Secretaria de Segurança e a Policia Militar, a prevenção, a identificação e repressão seriam possíveis, mas diante das facilidades e da disponibilidade para o crime se organizar em diversos pontos da cidade e aumentar os seus grupos em centenas de comunidades da cidade, o enfrentamento torna-se bastante difícil e demorado.