O Bispo Dom José Ronaldo e mais quatro padres, um vigário geral, um monsenhor e dois funcionários administrativos da Diocese de Formosa foram presos
Há poucos dias estive lendo no site Unisinos, comentários procedentes do Vaticano, de que a Igreja do Brasil é uma das poucas no mundo, que não critica o papa Francisco, mas é a que se nega a dar dimensão às recomendações feitas por ele para que a Igreja Católica se adeque às realidades da modernidade, seja bem transparente viva com intensa profissão de fé, irradie sentimentos de luz e força e toque a sensibilidade do Povo de Deus.
A mídia nacional iniciou à noite de ontem e deu ampla divulgação no dia de hoje, da prisão do Bispo Dom José Ronaldo, da Diocese de Formosa (Goiás), quatro padres, um vigário geral, um monsenhor e dois funcionários administrativos, acusados de serem responsáveis de R$ 2 milhões de reais. Todos foram investigados por dois anos pelo Ministério Público de Goiás, atendendo denúncias de fiéis, que acusam eles da apropriação de dinheiro do dízimo, doações e arrecadações de festas e não prestarem contas para as 20 paróquias e 33 Igrejas integrantes da Diocese de Formosa.
As denúncias feitas do Ministério Público partiram dos municípios de Formosa (sede da Diocese), Posse e Planaltina, que viram dinheiro destinado a reformas de Igrejas sumirem e as prestações de contas desaparecerem. Quando faziam cobranças eram hostilizados, o que motivaram as denúncias ao Ministério Público e uma campanha para que os fiéis não pagassem mais o dízimo, enquanto não houvesse a transparência. De acordo com gravações autorizadas pela justiça, revelaram que Dom José Ronaldo havia comprado uma fazenda de gado, vários imóveis e até uma casa lotérica, em que estão em nome de laranjas.
O que motivou a celeridade das investigações e as prisões dos acusados foi decorrente de que em dezembro, as despesas da casa paroquial que eram de apenas R$ 5 mil, subiram para R$ 40 mil. A policia civil e militar apreenderam uma considerável soma de dinheiro em um fundo falso no guarda roupa do Monsenhor Epitácio Cardoso Pereira e bloqueou várias contas bancárias nas quais um padre tem depositados mais de R$ 400 mil.
O escândalo repercutiu imediatamente na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que vai se posicionar diante de um fato sério. A verdade é que casos, como o da Diocese de Formosa são praticados em inúmeras dioceses do país e que diante da repercussão atual podem vir a público. Não se pode calar diante da exploração de fiéis em muitas dioceses e paróquias e que acabam não tendo a destinação correta das ações das coletas e doações. O autoritarismo e ameaças acabam se constituindo como recuo para os que buscam a transparência, sem falarmos nas constantes comparações de igrejas, paróquias e dioceses com a Igreja Universal.
O Trem da Alegria com nomeações de padres e pastores como Capelães da PM e Corpo de Bombeiros
Foram-se os tempos em que a Policia Militar do Maranhão, tinha um único capelão, o saudoso e fraterno padre Hélio Maranhão, que gostava de ser identificado como o Pastor de Tutóia, onde foi durante muitos vigário e fez da cidade o seu torrão natal. Era um religioso irrequieto e as suas celebrações eram bem marcantes pelas mensagens e pelo timbre forte da sua voz. Eu, o admirava, em razão de que sempre nas missas colocava questões inerentes às realidades politicas, econômicas e sociais, proporcionando aos fiéis, reflexões sobre as realidades, principalmente no período da ditadura.
Infelizmente, o governador do Estado, decidiu criar um trem da alegria colocando nas unidades da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros, pastores das igrejas evangélicas e padres da igreja católica, não para a missão de evangelizar, mas ao exercício politico partidário. Alguns dos indicados são filiados a partidos políticos, sem falarmos em caso de um que era tenente da PM e foi exonerado, mas imediatamente foi guindado ao posto de Coronel do Corpo de Bombeiros. Pelo visto o trem deve fazer mais alegria, com embarque de outros religiosos.
Estamos bem próximos da semana santa e Campanha da Fraternidade chama o Povo de Deus para refletir na essência do coração para o exercício da pratica, o enfrentamento à violência. Ele surge de todas as formas, não apenas com mortes e assaltos, mas atos indignos e aproveitamento para benefício próprio de maneira clara e ética é sem dúvidas violência, dai que cabe a nos tratarmos de lutar para a superação da violência com uma luta por direitos, dignidade e solidariedade fraterna e dizer que uma outra sociedade é possível.