Se o apostador estiver no cadastro de programas sociais, as empresas de apostas devem encerrar a conta no prazo de até três dias. Em agosto de 2024, o Banco Central revelou que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para casas de apostas online, utilizando a plataforma de pagamentos Pix, cerca de 20% do orçamento mensal do programa naquele período. O governo federal publicou nesta quarta-feira (1º) uma instrução normativa que proíbe o uso de contas de beneficiários de programas sociais como Bolsa Família e BPC em plataformas de apostas online, conhecidas como “bets”.
A medida atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que recursos assistenciais sejam usados em jogos de azar. Pelas novas regras, as casas de apostas terão até 30 dias para implementar sistemas que consultem, diariamente e no cadastro inicial, uma base de dados pública do governo.
Em até 45 dias, também deverão verificar todos os CPFs já cadastrados. Se algum for identificado como beneficiário, a conta deve ser encerrada em até três dias. A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda informou que os dados dos beneficiários não serão compartilhados diretamente, mas as empresas serão obrigadas a consultar um sistema centralizado para impedir os depósitos.
O Bolsa Família atende atualmente 19,2 milhões de famílias e paga ao menos R$ 600 por mês, com valores adicionais para crianças, gestantes e adolescentes. Já o BPC beneficia 3,75 milhões de idosos e pessoas com deficiência com um salário mínimo mensal. A medida visa proteger famílias em situação de vulnerabilidade dos riscos associados aos jogos de azar, que, segundo especialistas, podem causar danos financeiros e psicológicos graves.
Apesar de o Banco Central estimar que o mercado de apostas online no Brasil movimente entre R$ 20 e R$ 30 bilhões por mês, o Ministério da Fazenda calcula que o gasto efetivo dos brasileiros seja bem menor: cerca de R$ 2,9 bilhões por mês, considerando a diferença entre o valor apostado e o valor devolvido como prêmios.
Em 2025, o número de apostadores no país chegou a 17,7 milhões — aproximadamente 12% da população adulta. O gasto médio por usuário ativo ficou em R$ 164 por mês. O governo promete agora monitorar com mais rigor o perfil desses apostadores.
Diário do Poder