MENSAGEM PÓSTUMA A RAIMUNDO NONATO RIBEIRO FURTADO

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Raimundo Nonato Ribeiro Furtado – “Cabelo” e “Seu Furtado”, como também se tornou bastante  conhecido. Foi recebido na Glória do Reino pelas obras realizadas como Profissão de Fé.

Gostaria inicialmente de agradecer os amigos e familiares de Raimundo Nonato Ribeiro Furtado, pela presença à esta Missa de Sétimo Dia, apoio e mensagens enviadas. Não aguardávamos a sua partida, mas devemos entender aos desígnios de Deus.

Um homem de olhar transparente, simples, honesto, forte, independente, mesmo idoso, que marca a sua história como pai. Na cidade de Pirapemas, determinado no trabalho, na ajuda aos carentes e conseguiu mudar a realidade local pela sua capacidade empreendedora. Foi político, funcionário público e comerciante.  Como fosse cenas de um filme, a história da nossa vida com ele permanece em nossas mentes. Certa vez, meu filho e seu afilhado João Lucas Ribeiro Furtado olhou para o avô e disse: eu tenho pena do meu avô, quando informamos ao mesmo quem era o seu avô, o mesmo ficou mais seguro e mudou de opinião.

Somos hoje nove irmãos adultos, pois Sérgio seu filho mais velho partiu. Orgulhosos por sermos parte viva do seu ser, trilhamos em um bom caminho, obedecendo aos seus ensinamentos. Espero que os nossos irmãos permaneçam unidos, fazendo a melhor reflexão do nosso pai, pois nenhum ser humano é perfeito e devemos reconhecer que Deus permitiu termos um pai lúcido, independente até os noventa anos e dez meses, e que trabalhava e caminhava seis quilômetros por dia.

E as nossas lembranças em Pirapemas, as viagens de trem, a chegada da nossa mãe Eliete com os seus dez filhos à nossa casa, passeios, banho em rio, café da manhã junto com ele, brincadeira na estação de trem, no seu escritório e no armazém, juntamente com os nossos primos e amigos que levávamos para compartilhar neste ambiente familiar. Lembro da nossa bicicleta azul, que no período de férias pedia a ele para manter sempre guardada.

Mas o tempo passa, mas fica registrada essas recordações e aprendemos com ele e com nossa mãe Eliete Furtado em memória, que somente com união, trabalho, amor e resignação podemos construir um mundo melhor.

É o meu desejo pai, manter as suas obras sociais vivas em Pirapemas, pois sei que ajudar a todos, carentes, escola, etc. Recebi uma de tuas cartas em 2006, quando fez algumas revelações e atribuiu a mim a seguinte missão em vida, de manter nossos irmãos unidos e farei conforme o seu desejo.

Fica meu pai, junto a nosso Senhor Jesus Cristo, interceda a Ele por todos nós.

                                                                      São Luís – MA , de Julho de 2015

                                                                                                                                      –

Seu filho  João Francisco Ribeiro Furtado Neto.

 

Aprovado regime de urgência para mais nove projetos da Comissão da Reforma Política

                               aldir

   Proposições legislativas

                O Senado pode votar nesta quarta-feira 13 projetos apresentados pela Comissão da Reforma Política. Quatro deles já estão na ordem do dia da Casa em regime de urgência e nesta terça-feira (14) os senadores aprovaram prioridade para a votação de outros nove.

São as seguintes propostas de reforma política aptas a serem votadas:

PLS 430/2015 – Determina a distribuição de vagas nas eleições proporcionais, de acordo com o quociente eleitoral, por partido, mesmo quando houver coligação. Os partidos que não alcançarem o quociente eleitoral não podem concorrer às sobras de vagas.

PLS 440/2015 – Distribui o tempo semestral de propaganda partidária em cadeia de rádio e TV de acordo com o tamanho da bancada do partido na Câmara dos Deputados.

PLS 441/2015 – Limita a distribuição dos recursos do Fundo Partidário e o tempo destinado aos partidos para programas no rádio e na TV às agremiações que tenham diretórios permanentes em 10% dos municípios (557), distribuídos em pelo menos 14 estados.

PLS 442/2015 – Prevê novas eleições se o eleito em cargo majoritário (prefeito, governador, senador e presidente) for cassado ou perder o mandato por qualquer outro motivo, independentemente do número de votos anulados.

PLS 464/2015 – Altera o calendário das eleições adiando escolha e registro de candidatos, retardando o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, reduzindo o tempo diário de propaganda e diminuindo o período de campanha. Também limita gastos de campanha com pessoal e restringe o conteúdo das propagandas a imagens apenas dos próprios candidatos.

PLS 473/2015 – Proposta que trata das pesquisas eleitorais. De acordo com o texto, a imprensa fica proibida de contratar empresas especializadas no setor que prestam ou prestaram serviços, nos últimos 12 meses do ano da eleição, a partidos políticos, candidatos e órgãos de administração direta e indireta dos Poderes Legislativo e Executivo.

PLS 474/2015 – Confere efeito suspensivo aos recursos contra sentença de juiz eleitoral que casse o diploma de prefeito, vice-prefeito e vereador. Hoje, esse efeito, que permite o não cumprimento imediato da decisão, é possível, mas apenas se expressamente pedido e condicionado à concordância do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A mudança tornaria-o automático, o que garantiria os políticos eleitos no cargo, pelo menos até a confirmação da sentença.

PLS 475/2015 – Proposta que muda a Lei 8.429 de 1992 que trata das punições dos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato. Segundo o texto, as autoridades administrativas ou judiciais poderão determinar o afastamento do servidor público se a medida for necessária para o andamento do processo. Nos casos de agentes públicos eleitos esse afastamento só poderá ocorrer se determinado por órgão colegiado, como um tribunal, por exemplo.

PLS 476/2015 (complementar) – Projeto com regras para a inelegibilidade de magistrados e de integrantes do Ministério Público. De acordo com o texto, esses profissionais só poderão concorrer às eleições depois de dois anos de afastamento dos cargos.

PLS 477/2015 – Permite a criação das federações de partidos, ou seja, a união de dois ou mais partidos, que passam a funcionar como uma só agremiação, em eleições e na atuação parlamentar. Os partidos são obrigados a permanecer na federação por pelo menos quatro anos.

PLS 481/2015 – Determina que o tempo de propaganda eleitoral de rádio e TV para candidatos a cargos do Executivo (presidente, governadores e prefeitos) será apenas o tempo a quem têm direito os partidos do candidato e do vice. Atualmente, o tempo corresponde à soma dos tempos de todos os partidos que formam a coligação.

PLS 482/2015 – Regulamenta a contratação de pessoas pelos partidos políticos e pelas campanhas de candidatos individuais. Para fins trabalhistas e previdenciários, esses contratados passam a ser equiparados aos prestadores de serviço. Além disso, o projeto propõe diversas salvaguardas para impedir que tanto a remuneração individual quanto o quantitativo de pessoas contratadas sejam excessivos.

PLS 483/2015 – Torna a divulgação de pré-candidaturas livre das sanções relativas a propaganda eleitoral antecipada. Desde que não haja menção à futura campanha, os partidos e candidatos ficam livres para desenvolver ações políticas que divulguem suas ideias, objetivos e propostas no âmbito de pré-candidaturas.

Agência Senado

Juizado Especial Criminal divulga lista de projetos sociais selecionados

aldir

O 1º Juizado Especial Criminal de São Luís divulgou a lista com as entidades e projetos sociais beneficiados com recursos adquiridos através de transações penais. A unidade judicial aprovou 9 (nove) projetos, que preencheram os requisitos do edital deverão celebrar convênio com o juizado para, posteriormente, receberem os alvarás judiciais no valor de até R$ 10.000,00 (dez mil reais), etapa essa que obedecerá o período compreendido de 10 a 14 de agosto de 2015.

Entre os aprovados: A União Beneficente Diamante e Adjacências, com o projeto Alimentar Para Desenvolver; a Sociedade Beneficente Para o bem Estar e Proteção dos Animais, com o projeto Bem Estar Animal e Educação Ambiental; a Associação Obras Sociais Frei Antônio Sinibaldi, com o projeto Beija-Flor; o Centro Educacional e Assistencial Espírita Bezerra de Menezes, com o projeto Creche Catulinho; o Lar Calábria, com o projeto Criança Feliz; o Rotary Club de São Luís, com a doação de cadeiras de rodas a pessoas carentes.

Os outros aprovados foram a Associação de Mulheres da Vila São Luís, com o projeto Mobiliário Escolar; o Instituto Beneficente Boas Novas, do Bairro Primavera, com o projeto Trabalhando Com Beleza; e a União dos Moradores da Vila Embratel II, com o projeto Todos Pela Qualidade do Ensino.

O edital, divulgado pelo juizado em junho, foi direcionado às instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos, com finalidade social e sediadas na Comarca da Ilha de São Luís, desde que possuam sede própria, funcionando há pelo menos um ano. O principal objetivo é a firmação de convênios com as entidades selecionadas, possibilitando apoio financeiro para a realização de ações sociais de interesse público nas comunidades carentes onde atuam. Todos os projetos apresentados para a seleção têm como público-alvo a população de baixa renda.

Assessoria de Comunicação

Corregedoria Geral da Justiça do Maranhão

Lei das Diretrizes Orçamentárias é aprovada e votação do novo Regimento Interno fica para agosto

A última sessão deste primeiro semestre de 2015 da Câmara Municipal de São Luís, realizada nesta quarta-feira, (15), antes do início do recesso parlamentar, foi marcada por duas importantes votações que culminaram com a aprovação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e início da apreciação do Projeto de Resolução 005/2015, que dispõe sobre o novo Regimento Interno, adiada para o próximo mês de agosto.

O projeto 043/2015, que trata da LDO teve sua aprovação pela maioria do plenário do Legislativo Ludovicense, tendo se posicionado contrário apenas os vereadores Fábio Câmara (PMDB), Manoel Rego (PTdoB) e Rose Sales (PP). Antes de ser colocada para apreciação, a matéria foi apresentada no plenário pelo relator da Comissão de Orçamento, vereador José Joaquim Guimarães (PSDB).

A LDO foi aprovada com duas emendas modificativas, que tiveram a função de substituir como forma de melhorar a redação de alguns artigos e uma supressiva. Esta suprimiu o artigo 55 que tratava sobre parcelamento de débito previdenciário junto ao INSS.

Para fazer observações sobre a aprovação da LDO fizeram uso da palavra os vereadores Ivaldo Rodrigues (PDT), Chico Carvalho (PSL), Ricardo Diniz (PHS) e Pavão Filho (PDT) parabenizando o trabalho realizado e a votação. Já os vereadores Fábio Câmara e Rose Sales aproveitaram o momento de análise acerca do assunto para tecer críticas a administração municipal.

REGIMENTO SÓ EM AGOSTO

Após alguns momentos de indecisão sobre a apreciação do projeto sobre o novo Regimento Interno da Câmara, já que surgiu uma dúvida com o aparecimento de duas propostas, o presidente do Legislativo Municipal, vereador Astro de Ogum (PMN), decidiu adiar a votação para o próximo mês de agosto, na volta do recesso parlamentar, dia 03 de agosto.

“Não posso colocar em votação essa matéria, já que está ficando tudo muito complicado”, disse o presidente.
“Nós temos tempo suficiente para adequar todos os itens. E se nós já esperamos todo esse tempo para votarmos um novo regimento, não custa nada esperar mais 15 dias”.

A decisão de Astro foi tomada diante da inquietação por parte de alguns vereadores para saber exatamente o que estariam votando. Várias maneiras para contornar a situação foram tentadas, mas não foi alcançado um consenso.

Os vereadores haviam recebido da Mesa Diretora cópia do Projeto de Resolução 005/2015, porém no dia anterior também chegou aos gabinetes dos parlamentares uma cópia de um projeto elaborado pela Procuradoria do Legislativo aproveitando cerca de 80% do trabalho realizado por uma comissão composta pelos vereadores Marlon Garcia (PTdoB), José Joaquim (PSDB), Pavão Filho (PDT) e Rose Sales (PP).

Por esse motivo foi causado um impasse que culminou com o adiamento da apreciação do novo Regimento Interno, anunciada por Astro de Ogum, uma decisão considerada por todos os vereadores como equilibrada e coerente com o atual momento.

Câmara promulga lei do vereador Pavão Filho que orienta contra uso de drogas

A Câmara Municipal de São Luís promulgou, na última quinta-feira (10), a Lei nº 382/2015, de autoria do vereador Pavão Filho (PDT), que dispõe sobre a obrigatoriedade da Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Educação, criar e emitir selo no fardamento escolar com mensagens educativas contra o uso de drogas e substâncias entorpecentes.
Além da mensagem educativa, no fardamento deverá constar ainda o número do disque denúncia oferecido pela Prefeitura de São Luís.
Segundo o vereador Pavão Filho, a iniciativa tem por finalidade a prevenção contra o uso e repressão ao tráfico de drogas através de processo informativo.
Conforme consta no projeto aprovado por unanimidade do plenário, o controle e a fiscalização da lei ficarão a cargo da Secretaria de Educação, que tem prazo de 90 dias, após a promulgação, para ser efetivada.
Para Pavão Filho, a Câmara Municipal e a Prefeitura de São Luís deram um significativo passo para orientar os jovens estudantes a não se envolverem com substâncias entorpecentes.
“Estou muito feliz por ter dado minha contribuição, contar com o apoio unânime dos companheiros de plenário e do prefeito Edivaldo Holanda Júnior na orientação de nossos jovens, visando mantê-los afastados das drogas e focados nos estudos”, observou Pavão.


Pedro Lucas propõe distribuição de kits de lâmpada de LED para pessoas carentes

Por meio de uma indicação, encaminhada na sessão da Câmara Municipal de São Luís, o vereador Pedro Lucas Fernandes (PTB) solicitou o envio de ofício ao Governo do Estado para que seja criada uma ação para promover a entrega de kits com lâmpadas de LED à população carente.
De acordo com a proposta do vereador, os kits deverão ser entregues pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social.
“A nossa proposta (Indicação 129/15) é que a população carente do Estado possa com as lâmpadas de LED ter uma economia no consumo de energia elétrica, já que houve reajuste nas tarifas. Isso vai facilitar o pagamento das contas em dia, sem nenhum tipo de transtorno”, completou o vereador Pedro Lucas.
Ainda segundo a indicação, para ter direito ao kit com 5 lâmpadas, os consumidores devem ter: unidades residenciais monofásicas, com NIS – Número de Inscrição Social válido cadastrado; média móvel dos últimos 12 meses de até 50 kwh e consumo máximo de 190 kwh/mês.
“Com o reajuste na tarifa, muitas dessas pessoas acabam abrindo mão de alguma coisa para não deixar de ter o benefício em suas residências. As contas chegam e precisam ser pagas. Por isso, acreditamos na sensibilidade do Governo do Estado que, ao distribuir essas lâmpadas mais econômicas, vai melhorar consideravelmente a qualidade de vida dessa parte da população”, finalizou Pedro Lucas.

Ricardo Diniz parabeniza prefeitura por programa de combate ao crack

O vereador Ricardo Diniz, criador da Frente Parlamentar na luta contra as drogas, e que também participou do lançamento do Programa Caravana Maranhão Sem Drogas, formado por uma série de entidades que trabalham pelo combate das drogas no Estado do Maranhão, como o poder público, sociedade civil organizada e população, parabeniza a Prefeitura de São Luís pela iniciativa em desenvolver programas e ações que visam combater o crack em bairros da capital.
O programa “Crack, é possível vencer!”, lançado em maio deste ano, já está em fase de execução com ações iniciais no Centro Histórico e João Paulo, e a Prefeitura de São Luís anunciou sua ampliação para outros bairros, garantindo maior abrangência.
As ações percorrem pontos específicos previamente planejados pelas Secretarias Municipais de Segurança com Cidadania (Semusc), Criança e Assistência Social (Semcas) e Saúde (Semus), fazendo o encaminhamento dos interessados em tratamento para que sejam tomadas as devidas providências.
Para o vereador, além das ações do poder público, a participação da sociedade civil é importante no combate ao crack.
“O poder público não tem condições de lutar sozinho contra as drogas, a sociedade civil deve participar”, ressaltou Ricardo Diniz.”

Fonte – Diret/Comunicação/ CMSL

 

A passagem da vingança para a matança

   aldir

Os riscos das pessoas se tornarem vítimas da violência em todos os níveis estão em todos os lugares. As reações são decorrentes da ausência do Estado para manter a ordem e a segurança.

por Diogo Cabral*, Luís Antônio Pedrosa* e Wagner Cabral** 

              Os linchamentos, geralmente, são mais frequentes em tempos de tensão social e econômica. Essa modalidade de extermínio também sempre esteve relacionada a preconceitos e práticas discriminatórias que condicionaram as sociedades a aceitar esse tipo de violência como prática normal de “justiçamento popular”. Não é à toa que seu formato atual foi dado no contexto da opressão racial existente ao longo da colonização dos EUA.

Assim como existe uma certa aura de perdão em torno do agente da lei que pratica extermínios, os linchamentos invocam justificativas. A mais alegada atualmente é o aumento da criminalidade e a fragilidade do sistema de segurança pública e de justiça.

A palavra tem origem vinculada ao nome do Coronel Charles Lynch ou ao Capitão Willian Lynch, ambos coetâneos ao século XVIII. A lei de Lynch, a partir de 1837, designou o ódio racial contra índios e negros e consolidou práticas que deram origem ao grupo racista Ku Klux Klan.

Assim como ocorreu no sul dos Estados Unidos, o linchamento tem como mola propulsora a desconfiança da lei e a reivindicação de anarquia, terreno fértil para a proliferação da barbárie.

No Brasil, ela se dirige basicamente à principal clientela do sistema penal: jovens, negros e pobres. O caldo de cultura para esse tipo de violência é alimentado por amplos setores da mídia policialesca, que vegeta na periferia da programação das grandes redes de televisão e rádio e, atualmente, até nos discursos religiosos fundamentalistas mais inflamados.

Tal como o preconceito, quando flagrado geralmente é negado. E nenhum desses agenciadores diriam claramente que defendem o linchamento. O incentivo se dá por vias indiretas, fortalecendo noções do senso comum cuja lógica descamba para o mesmo lugar de sempre: a violência.

Os lugares comuns frequentemente invocados por esses grupos formadores de opinião podem ser facilmente perceptíveis:

a) A polícia prende mas a justiça solta;

b) Adolescentes infratores não são punidos;

c) O ECA protege “menores” bandidos;

d) Bandido bom é bandido morto;

e) Direitos humanos só defende bandido.

Essa cantilena, repetida infinitas vezes e das mais variadas formas, suscita o espírito de desamparo e de vingança na população. Os elevados índices de criminalidade são analisados a partir das suas consequências exclusivamente, exigindo soluções cada vez mais repressivas.

Assim, esse discurso conservador vai evoluindo para soluções cada vez mais drásticas e irracionais, mobilizando adeptos, como num efeito dominó, em atitude de manada, culminando no retrocesso da representação política atual, como é exemplo a bancada da “bala”, do “boi” e da “bíblia”.

O linchamento é estimulado pela nova pauta reacionária instalada. Ela quer que cada cidadão possua uma arma para se defender dos ditos criminosos; ela quer a pena de morte e a prisão perpétua; ela quer a tortura institucionalizada; ela quer a redução da maioridade penal; ela quer mais presídios e mais polícia; ela quer a criminalização dos grupos sociais que reivindicam direitos; ela quer a volta da ditadura militar e a satanização das identidades sexuais e religiosas.

Enfim, essa pauta quer muito mais. A cena do linchamento no bairro São Cristóvão, periferia de São Luís, é a cópia de todas as outras. Até no poste se assemelha, como versão atual do Pelourinho.

A praça pública ou o palco do espetáculo sangrento são as redes sociais. Neste universo de compartilhamento de imagens, surgem dois homens, um morto, completamente desnudado e amarrado com cordas a um poste e outro espancado, também amarrado.

Do virtual para o real, a cena se desenrola em São Luís do Maranhão, uma das cidades mais violentas do Brasil, apontada como a 10a cidade mais violenta do mundo (pela ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz), capital de um Estado onde a desigualdade social detém indicadores alarmantes.

Aqui o “(in)justiçamento” possui a regularidade de uma vítima por mês, desde o ano de 2013, segundo levantamento da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH).Trata-se de mais um caso de linchamento. Não por acaso, mais um jovem negro, suspeito da prática de assalto, trucidado por pauladas, garrafadas, facadas e enforcamento, em plena via pública.

De janeiro de 2013 até julho de 2015, houve 29 linchamentos com vítimas fatais, resultando em 30 mortes na Grande São Luís (houve um caso de linchamento duplo, de adolescentes de 16 e 17 anos). Além destes, houve pouco mais de uma dezena de linchamentos que não resultaram em morte. A média, portanto, é de um linchamento fatal por mês – medida da barbárie naturalizada no cotidiano urbano.

O mapa abaixo esclarece a incidência dos linchamentos na capital maranhense e ilustra esta forma de fazer ‘justiça’. Segundo os motivos atribuídos para os linchamentos com vítimas fatais, na parca cobertura da imprensa local ou nos sumários relatórios da SSP-MA, temos:

a) 4 casos envolvendo estupro ou violência doméstica;

b) 4 casos envolvendo assassinatos (ou tentativa de), inclusive um caso de linchamento de um policial (PM);

c) 4 casos em que não foi possível reunir informações suficientes para identificar os motivos;

d) 18 casos de linchamento de supostos assaltantes (60% do total).

O que impressiona não é somente a crueldade do linchamento de Cleidenilson Pereira da Silva, mas também a “invisibilidade” das outras 29 mortes por linchamento ocorridas nos últimos dois anos e meio, bem como a impunidade dos envolvidos e o silêncio do Estado. Nesse sentido, desde o início do ano, foi apresentada ao governo do Maranhão a proposta de criação de um Sistema Estadual de Informações sobre Violência e Segurança Pública, visando o monitoramento dos mais diversos tipos de violência, numa parceria Estado-Sociedade Civil, de modo a subsidiar a formulação de políticas públicas de prevenção social da violência e combate à impunidade. Continuamos aguardando a resposta do governo estadual…

George Sorel, em seu estudo no início do século XX, informa que a força bruta, o derramamento de sangue e a crueldade seriam interpretados usualmente como costumes de povos antigos, de sociedades atrasadas. José de Sousa Martins chama atenção para o fato de que no Brasil, no entanto, os linchamentos diferem profundamente do que a própria imprensa classifica como chacinas, praticadas por justiceiros ou, mesmo, policiais. Nos debates a respeito dos linchamentos, é possível perceber que muitos confundem a ação dos linchadores com a ação dos chamados justiceiros, apesar da enorme diferença entre as motivações de uns e outros. Boa parte das pesquisas sociológicas colocaram ênfase nas orientações positivas dos agentes da luta pela cidadania, dando ênfase ao estudo dos movimentos sociais, orientados por objetivos sociais evidentes e modernizadores, isto é, de algum modo politizados.

Evidentemente, estamos diante de um fenômeno novo e distinto, inserido dentro de um conjunto de práticas elaboradas pelo pensamento conservador, em tudo diferente das práticas de gestação da cidadania onde a chamada “justiça popular” poderia ter lugar.

Para os grupos vulnerabilizados, a conjuntura de fortalecimento do ódio e do preconceito leva a situações extremas, emergindo o linchamento como um dos mecanismos desse ideal de justiça, seletivo, emocional, permeado de rituais súbitos, irracional e refratário aos procedimentos formais dos julgamentos reconhecidos pelo Estado de Direito.

Jean Améry, sobrevivente do campo de concentração de Bergen-Belsen, em seus escritos testemunhais, nos esclarece que o prisioneiro do lager nazista denominado de Muselmann era um cadáver ambulante, um feixe de funções físicas já em agonia e que deveria ser excluído da consideração humana, ou, notadamente, conforme Primo Levi, em seu livro É isto um homem?, o Muselmann é o não-homem que habita e ameaça todo ser humano, a redução sinistra da vida humana à vida nua e que não pode nem ser chamado de vivo nem ter uma morte que mereça esse nome.

A passagem de uma vingança ordinária para a matança transforma os homens em objetos e os redefine e insere em dois grupos racionalizados, notadamente aqueles que devem viver e aqueles que devem morrer. O primeiro, o grupo dos bons, dos intocáveis, que também são diferenciados internamente por representações classistas, e o segundo, daqueles que representam o mal, a feiura, a imundice, os negros e pobres da periferia que cometem os delitos contra o patrimônio dos bons e que deixaram de ser homens e viraram feras. Estas redefinições e rearranjos não encontram guarida no ordenamento jurídico nacional, no entanto, constituem-se como regra padrão, como nomos que, contraditoriamente, são utilizadas em larga escala pelo próprio Estado, que, teoricamente, as repele. Assim, de acordo com Hannah Arendt, “grandes massas de pessoas constantemente se tornam supérfluas se continuamos a pensar em nosso mundo em termos utilitários. […] Os acontecimentos políticos, sociais e econômicos de toda parte conspiram silenciosamente com os instrumentos totalitários para tornar os homens supérfluos”.

Decapitações, torturas, linchamentos e chacinas não podem ser explicados como uma fatalidade, mas sim caracterizados como um mecanismo eficaz de controle absoluto sobre a vida humana, induzido por ações/omissões estatais que, cada mais vez, golpeiam, como punhal, à traição, o corpo do inimigo declarado e marcam o fim e a ruína de qualquer ética da dignidade humana.

 

* Advogados da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.

** Historiador, Prof. Ms. do Curso de História da UFMA, membro do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e do Observatório da Violência

 

Câmara quer a Força Nacional para combater a criminalidade em São Luís

aldir

Apesar das grades comerciantes não escapam dos bandidos. Vereador Fabio Câmara diz que a população se sente refém da violência

Os vereadores de São Luís começaram a discutir o requerimento de autoria do vereador Fábio Câmara (PMDB) que solicita ao prefeito Edivaldo de Holanda Júnior (PTC), em caráter de urgência, reforço da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) na cidade. A solicitação pode ser apreciada ainda a sessão da Casa nesta quarta-feira, (15).

O autor do requerimento, alega que está preocupado com a violência e o déficit de efetivo policial na cidade e, por isso, sugere ao prefeito que peça auxílio federal para conter o avanço da criminalidade.

“São Luís vive uma proliferação absurda de violência a ponto de sermos, por cinco semanas seguidas, manchetes negativas nos noticiários nacionais. Cito com destaque, o duplo assassinato ocorrido no interior de um ônibus sobre a ponte José Sarney, no São Francisco e a expulsão de moradores das suas residências por facções criminosas no Pólo Coroadinho”, ressaltou o peemedebista em sua justificativa.

Presidente da Comissão de Transportes da Câmara Municipal de São Luís, Fábio Câmara  cita no documento, um levantamento feito pelo Sindicato das Empresas de Transportes (SET) apontando que os assaltos a ônibus viraram rotina na capital maranhense.

“Todos os dias diversos casos de assaltos a ônibus são registrados em plantões de polícias da Região Metropolitana. Dados do Sindicato das Empresas de Transportes mostram que  em 2014, foram registrados 366 assaltos de janeiro até maio e no mesmo período deste ano, foram 186 até agora”, informou.

Para o líder da oposição na Câmara, o auxílio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP)  ajudaria no combate à violência na cidade. Porém, ele diz que o prefeito Edivaldo Júnior precisa usar sua influência politica em Brasília para reforçar o pedido.

“O prefeito dizia na campanha que era conselheiro da a presidente Dilma Rousseff. Agora chegou a hora de usar sua influência politica para contribuir com a segurança pública, garantindo em Brasília um reforço policial para combater a criminalidade na cidade”, concluiu.

ORDEM PÚBLICA

A Força Nacional de Segurança Pública (FNSP)  foi criada pelo governo federal em agosto de 2004 com o objetivo de auxiliar na manutenção da ordem pública em qualquer parte do território nacional. Cerca de 10 mil homens, entre policiais militares e bombeiros de vários estados, já foram capacitados a participar da força. A FNSP atua em situações emergenciais.

PEDIDO DE SOCORRO
A solicitação de apoio à FNSP não é a primeira tentativa para tentar coibir a escalada da violência no estado. Em junho, o deputado estadual Adriano Sarney (PV), apresentou requerimento à Mesa Diretora da Casa com um pedido de intervenção federal no sistema de segurança estadual, mas matéria acabou sendo rejeitada pelo plenário antes de ser encaminhada à Presidência da República.

Vereador Edmilson Jansen pede a construção de abrigos para os bairros Vila Embratel e Jambeiro

De autoria do vereador Edmilson Jansen (PTC) foi encaminhado para prefeito de São Luís, o ofício, solicitando ao executivo, que determine ao secretário da SMTT, a construção de dois abrigos nas paradas de ônibus na avenida contorno que liga os bairros da Vila Embratel ao Jambeiro, reiterando requerimento nº 458/14 de sua autoria.

Segundo o vereador, se faz necessário a construção dos abrigos, onde os usuários de transporte possam estar mais seguros, sem ficar expostos ao sol e a chuva.

Edmilson Jansen também frisou sobre vários pontos de ônibus que precisam de melhorias e outros que devem ser construídos, na zona Rural, e na área metropolitana da capital.

Ainda este ano o vereador deverá fazer outra revindicação solicitando o retorno da linha de ônibus, que servia o bairro do Anjo da Guarda, a linha Cohama, tirada pela ex- secretária, Mirian Aguiar, através do superintendente de transporte da SMTT, Manoel Cruz, sem qualquer justificativa para os moradores do eixo Itaqui /Bacanga.

“O prefeito Edivaldo Holanda Junior, não tem medido seus esforços, para melhorar ainda mais a qualidade de vida da população de São Luís. Mais temos que estar presentes e indicando para o executivo os problemas que atormentam a sociedade. Vou solicitar o retorno da linha de ônibus, atendendo o clamor dos moradores do Anjo da Guarda, que utilizam este meio e foi tirada sem qualquer justificativa pelo superintendente”, disse o vereador.

Diret / Comunicação / CMSL

Ministério Público Federal propõe ação contra o Incra e o Governo do Maranhão

Foi construído um presídio em uma área que aguardava a conclusão de processo para delimitação e titulação do território quilombola, pelo Incra.

           O Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA) propôs ação civil pública, com pedido de liminar, contra o Governo do Maranhão, que recentemente construiu um presídio no interior da área denominada quilombola, e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que deixou de proceder às medidas administrativas necessárias à identificação, reconhecimento, delimitação e titulação da área.

A ação resulta da denúncia formulada pelo Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA), em fevereiro de 2009. Conforme a denúncia, a comunidade Piratininga, localizada no município de Bacabal/MA, foi certificada pela Fundação Cultural Palmares em 2005, e desde o mesmo ano, o Incra já contava com o procedimento administrativo n. 54.230.007480/2005-78, com vistas ao reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação do território quilombola.

Segundo o procurador da República, Hilton Araújo de Melo, a demora no processo de titulação pelo Incra facilitou a ação do Governo do Maranhão, que deliberadamente ignorou os direitos tradicionais da comunidade e edificou uma unidade prisional bem no interior do área reclamada, em clara afronta à Constituição Federal e aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.

Na ação, o MPF/MA requer a obrigação de fazer pelo Incra na elaboração e conclusão da titulação e demarcação do território remanescente de quilombo Piratininga, no prazo de 120 dias, sob pena de multa diária em caso de descumprimento, no valor de mil reais, a serem revertidos em favor de melhorias mitigadoras para a comunidade.

Requer ainda, que o Governo do Maranhão se abstenha de ocupar o restante da área tradicionalmente ocupada pela comunidade remanescente do quilombo Piratininga, limitando-se sua ocupação ao espaço minimamente necessário para a operacionalização do presídio, enquanto durar o procedimento do Incra de identificação, delimitação e reconhecimento de propriedade dos remanescentes de quilombos, além da condenação ao ressarcimento pelos danos materiais e morais sofridos pela comunidade Piratininga.

 

Assessoria de Comunicação

Procuradoria da República no Maranhão

Fundação Antonio Dino realizará neste domingo Pedágio Solidário no retorno do Olho D’agua.

                aldir

O pedágio chega a emocionar as pessoas voluntárias que trabalham na coleta, pelas palavras de reconhecimento a seriedade da Fundação Antonio Dino e o importante trabalho prestado aos maranhenses.

O que é? Pedágio Solidário – Grupo de voluntários da Fundação Antonio Dino reunidos recebendo doações da comunidade para ajudar crianças e adolescentes com câncer em tratamento no Hospital do Câncer – Aldenora Bello.

                Voluntários e funcionários da Fundação Antonio Dino (FAD), Instituição Filantrópica que mantém o Hospital do Câncer- Aldenora Bello (HCAB), realizará neste domingo (19), das 8:00 as 14:00 no retorno do Olho D´água em São Luís, mais um “Pedágio Solidário”.

                 A ação faz parte da Campanha McDia Feliz, uma campanha nacional em prol da luta contra o câncer infanto-juvenil, é coordenada nacionalmente pelo Instituto Ronald McDonald´s e no Maranhão a arrecadação apoia os projetos da Fundação Antonio Dino.

                 Em 2015, a meta de arrecadação é a compra de um aparelho chamando “PCR Quantitativo”, que define com exatidão a indicação do grau de tratamento para crianças e adolescentes portadores de Leucemia.

                “Nossos pacientes e familiares contam com a demonstração de compromisso social dada pela comunidade maranhense anualmente, durante o Pedágio Solidário. Nossos agradecimentos a cada pessoa que se envolve com nossa causa. Nossos reconhecimentos e gratidão aos parceiros institucionais, voluntários e funcionários. O resultado desse trabalho é o reconhecimento nacional em único hospital de alta complexidade no tratamento do Câncer no Maranhão”. Agradece a presidente da Fundação Sra. Enide Dino.

Fonte – Assessoria de Comunicação da Fundação Antonio Dino

Quebradeiras de coco recordam enfrentamento ao latifúndio no Maranhão, durante IV Congresso da CPT

aldir.jpg.pngOs relatos foram feitos durante apresentação de experiências, na tarde desse primeiro dia de Congresso. Além dessa experiência sobre o babaçu livre, outras 20 foram partilhadas. Confira:

 

(Equipe de Comunicação João Zinclar – IV Congresso Nacional da CPT

Imagem: Rafael Oliveira)

           Dona Antônia Célia tem 52 anos. Desde os 12, ela se dedica ao trabalho de quebrar coco babaçu. O trabalho, segundo Dona Antônia, aprendeu com a mãe. Hoje, ela divide a tarefa com o marido e os sete filhos. “Tem até umas netas já crescidas que às vezes nos acompanham”, contou a trabalhadora na Tenda temática sobre “Memória”, no IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), realizado entre os dias 12 e 17 de julho, em Porto Velho (RO).

Moradora de Governador Archer, no Maranhão, a presidente da associação de quebradeiras de coco babaçu do município garante a renda da família com o que o fruto proporciona. “A gente vende o coco e também produz o sabão”, afirma ela, orgulhosa.

Sobreviver do extrativismo nos babaçuais, no entanto, nunca foi uma rotina simples para ela e as colegas. “Antes, nós não tínhamos o coco porque os fazendeiros não permitiam que entrássemos para colher. Essa situação ainda acontece, mas em menor quantidade”, diz.

Desde 2012, as quebradeiras do município têm o respaldo da Lei do Babaçu Livre, que assegura o livre acesso às palmeiras, mesmo que estejam em terras privadas. “Antes de conseguir esses direitos, nós perdemos muitas companheiras. Nós ficamos marcadas pela luta”, recorda Dona Antônia.

Também quebradeira de coco, Flaviana dos Santos, presidente da associação de quebradeiras de coco babaçu de Dom Pedro (MA), relata que sua comunidade ainda não conseguiu a aprovação dessa mesma lei que beneficia o trabalho com o babaçu. “Nós já fomos muito ameaçadas pelos fazendeiros. Hoje eles têm muito pasto com capim, derrubando as palmeiras e matando nossa cultura de muitas gerações”, afirma.

Antes de estarem organizadas, Flaviana e as colegas vendiam o quilo do coco por 30 centavos aos próprios fazendeiros que as reprimiam. Hoje, elas comercializam o quilo a R$ 1,60 nos mercados da região. “A gente continua entrando nas fazendas, podemos até apanhar, mas nunca mais venderemos para os fazendeiros”, enfatiza a quebradeira.

“Nesse processo todo, as mulheres assumiram a identidade de quebradeiras e se fortaleceram no enfrentamento aos fazendeiros. Para elas, o trabalho com o babaçu é a continuação da família, da cultura, da comunidade”, pontua Marcia Palhano, agente da CPT no Maranhão.

 

A coragem que demora nas Chapadas de Afonso Cunha

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O município de Afonso Cunha insiste em seu anonimato. Uma empresa de ferro-gusa desmataria toda a Chapada do Pai Gonçalo, município de Chapadinha, com uma autorização da SEMA (Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Maranhão) que se referia a uma área de Afonso Cunha.   Eduardo Sá, atualmente vereador em Chapadinha, assinou a licença pelo setor de recurso florestal da SEMA. Ele não só assinava, como também desejava. Por seu desejo e por sua influencia, os desmatamentos em Chapadinha e Afonso Cunha chegariam a mais de 80 mil hectares em um curto espaço de tempo. O Manim, vereador de Chapadinha, obteve na internet o detalhamento da licença que facilitaria o desmatamento da Chapada do Pai Gonçalo e verificou a discrepância geográfica. Segundo Chico da Cohab, as Chapadas dos municipios de Chapadinha, Afonso Cunha, Coelho Neto, Codó, Aldeias Altas e Caxias alcançam um milhão de hectares.  Por qualquer povoado que passe, Chico da Cohab realiza uma parada estratégica.   Uma parada que pode durar poucos minutos, assim como pode durar vários minutos. Depende do que está em jogo.  Nos povoados da Mangueira e da Macajuba, município de Chapadinha, ele deixou dito que só, na volta de Afonso Cunha, demorar-se-ia em cada um deles. Ele se demoraria bastante no povoado Olho D’água, município de Afonso Cunha, e entabularia mundos e fundos de conversa sobre a questão fundiária do povoado se os outros não o apressassem.  Nos poucos minutos em que conversou sob a casa de farinha do povoado, Chico da Cohab escutou que o grupo Costa Pinto, empresa de cana de açúcar de Aldeias Altas, não possui documentação nenhuma referente aos povoados de Olho D’água e de São Pedro. Contudo, na carvoaria da empresa FW reflorestamento que queimava a vegetação nativa das Chapadas dos povoados de São Gonçalo e Veredas, município de Afonso Cunha, onde não se deveria demorar de jeito maneira, Chico da Cohab demorou séculos. Ele arranjou coragem de algum lugar e reconheceu os bacurizeiros que a empresa escondera perto dos fornos.

Mayron Régis

Jornalista e assessor do Fórum Carajás