Quilombolas de Codó denunciam o deputado César Pires às autoridades

RELATO DE OCORRÊNCIA

Povoado Santa Maria dos Moreiras (Codó-MA), 30 de outubro de 2014

 

 

Às autoridades competentes,

Aos órgãos diversos de defesa ao homem do campo,

Senhores e Senhoras,

A Diretoria desta associação, respeitosamente vem por meio deste denunciar mais uma vez o Deputado Estadual César Henrique Santos Pires (DEM), por promover constantes violência e ameaças às famílias quilombolas de Santa Maria dos Moreiras, Tamburi, Jerusalém e Bom Jesus, neste município.

            No dia 18 de outubro de 2014, César Pires chegou por volta das 09:00 h da manhã acompanhado do seu irmão Celso Pires (Sec. Munic. de Industria e Comercio de Codó), do PM tenente Moura, do Coronel Aposentado Mário Alberto (PM), um jagunço de nome Edilso (residente na cidade de Codó) que portava uma pistola, um menor de idade residente na fazenda São Cristóvão de propriedade de Celso Pires, outros jagunços da região por nome Zé Preto, Raimundo Monteiro e Magno Moreira, chegaram no Povoado Santa Maria dos Moreiras com o objetivo de pescar arrastando rede de pesca no açude que para os moradores as águas do local não pertence ao Deputado por ser uma represa que surgiu a partir da construção da estrada vicinal nos anos 80, quando a propriedade ainda pertencia aos Moreiras e que historicamente é um local utilizado pelos moradores para banho, lavagem de roupas e louças, dar de beber aos animais, como também pescam para alimentação da família.

            É importante saber, que durante o período chuvoso deste ano, a comunidade local organizada em mutirões realizaram a limpeza do açude, tirando mato e capim que cobria toda superfície da água já a mais de um ano (conforme fotos anexas).

            Como César Pires iniciou a pescaria com pessoas de fora sem antes ter um diálogo com os moradores, estes(homens, mulheres e crianças) foram solicitar pacificamente (como mostra o vídeo anexo) ao Deputado que parasse a pescaria, pois além deixar as famílias sem o peixe, ainda deixaria a água sem condições de uso, ou seja “barrenta”.

            César Pires se intitulando o dono do açude tentou não parar, seus jagunços proferiam palavras de agressão moral aos comunitários. Após uma longo conversa a apresentação de justificativas de ambas as partes, César Pires e seus acompanhantes continuaram as margens do açude bebendo cerveja e outras bebidas, como também comiam peixe e carne assada. Enquanto isso a comunidade permanecia a beira da estrada tocando tambor, brincando

bumba-boi, versos, etc. Até que já embriagados os jagunços Raimundo Monteiro e Magno tentaram agredir os quilombolas. O Raimundo Monteiro com um facão e o Magno tentou atropelas as pessoas montado numa moto, parou e agrediu o morador e Pai de Familiar Edilson da Silva Monteiro com socos. Como mostra o vídeo, no momento vai até o carro do Celso Pires, pega uma arma (tipo revolver 38) e entrega ao menor que o acompanhava, o mesmo sem camisa deixa a arma visível, mas em nem um momento sacou da cintura. Essa confusão aconteceu entre as 10:00 h até as 13:00 h, quando César Pires e seu irmão pegaram suas camionetas e foram para a sede da fazenda São Benedito de propriedade de César Pires.

            Já por volta das 18:30 h, o jagunço Magno veio da fazenda, entrou na comunidade Santa Maria e ameaçou a dispara um tiro no pai de família Antonio Junior, segundo ele, com um revólver que estaria em sua cintura, montado na moto, Magno pôs a mão sobre a possível arma, mas não chegou a saca-la, já que pessoas da residência ali próxima protegeu a vitima colocando-o para dentro da casa do Edson Gomes. Mas tarde chegou o jagunço Edilso trazendo na moto a mãe do Magno que com insistência o conseguiram conduzi-lo para fazenda.

            Por volta das 19:30 h, o Deputado César Pires retornou a Santa Maria e após ter deixado Mário Alberto na casa de sua tia, foi até a casa onde mora o Raimundo Monteiro (que trabalha para ele) e encontrou o Sr. José Maximiano Sousa (conhecido como Cunça) conversando com o jagunço, pois segundo o José Maximiano, quando passava em frente a casa, o Raimundo lhe chamou e veio ao seu encontro no terreiro para conversar, nesse momento Raimundo portava um facão na cintura. Ao chegar César Pires do interior do veículo perguntou ao Raimundo se tudo estava bem, Raimundo respondeu que sim, daí desceu do carro do Deputado o jagunço Edilso, sacou de uma pistola e com ela em punho mandava o  Cunça ir em bora dali. No momento o Conça lhe respondeu que ele não estava de nem um dos dois, por tanto não podia ser mandado embora, sendo que ele se encontrava na estrada, nesse momento Raimundo sacou seu facão da cintura e o Sérgio Ricardo, filho do Cunça que estava na casa vizinha veio correndo proteger seu pai, daí o Edilso entrou no carro novamente e César Pires pediu também ao Raimundo para entrar no carro e foram para São Benedito. Essa ação do Deputado causou grande indignação à comunidade.

            Na manhã seguinte a casa em que morava o Raimundo, jagunço de César Pires estava com as portas, janelas e parte do telhado destruído, até o momento não se sabe quem o fez, mas o Raimundo não voltou pra casa até o momento.

            Só pra ressaltar, o Raimundo Monteiro quando bebe se torna um homem violento. A mando de César Pires e protegido pelo Tenente Moura já incendiou duas residências na comunidade em fevereiro de 2013 (BO anexo), já fez ameaças as várias famílias com armas de fogo (tipo espingarda), por isso tem processo criminoso na Promotoria de Justiça de Codó.

Sergilson Rodrigues Sousa

Presidente da Associação

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *