O Maranhão tem mais de um milhão de miseráveis e a realidade que a televisão mostrou em 04 municípios pode ser encontrada até na capital

Aldir

Palafitas ainda fazem parte da paisagem da cidade de São Luís. Nelas estão famílias de miseráveis.

  A reportagem exibida na última segunda-feira pela TV Record, mostrando a pobreza extrema nos município de Belágua, Centro do Guilherme, Marajá do Sena e Fernando Falcão, pode ser encontrada não apenas nos 30 municípios dos piores Indicadores de Desenvolvimento Humano, mas em outras cidades e até mesmo na capital. Alguns políticos conhecedores de realidades até mais chocantes, se fizeram estarrecidos com os fatos para responsabilizar adversários, demonstraram hipocrisia e até sadismo diante do que chocou profundamente pessoas que não tinham a dimensão exata do que é extrema pobreza e marginalização. Uma senhora que assistiu ao programa, em conversa comigo disse que ficou profundamente chocada com a pior de todas as violências – a fome.Até então, pensava que a realidade cruel era exclusiva de países africanos e do Haiti. Apesar de ouvir sempre falarem de miséria e as explorações da corrupção deslavada responsáveis pela pelos avanços de muitas mortes no Maranhão, os depoimentos de mães e o clamor de crianças chorando de fome, comoveram-na profundamente com a dor da realidade perversa, disse ela.

     O ano passado, o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas,em um trabalho campo, concluiu que no Maranhão havia um milhão e cem mil pessoas em absoluta miséria, vivendo com uma renda máxima de 70 reais. A pobreza e a miséria sempre vistas e tratadas no Maranhão com o clientelismo e os governos procurando sempre fazer a reprodução da dependência como garantia do voto. Dentro do contexto politico não há diferença entre a classe quanto a utilização dos métodos viciados e exploradores no meio rural e nas periferias.

 Enfrentar a pobreza extrema com a Agricultura Familiar?

    O governador Flavio Dino, entrevistado pela reportagem da emissora de televisão, disse que vai combater a pobreza extrema com a Secretaria da Agricultura Familiar e naturalmente com ações sociais. Para o enfrentamento, o dirigente do Estado, terá que agir com certa urgência e adotar providências importantes e corajosas na esfera estadual e cobrar algumas do governo federal. Primeiramente, como a Secretaria da Agricultura Familiar foi criada agora, terá que garantir recursos para o desenvolvimento de projetos com ações integradas, principalmente para a produção imediata de alimentos. Terá que contar com um serviço de assistência técnica e extensão ruralexpressivo e com número considerável de técnicos capacitados para atender a demanda. Garantir a arrecadação de terras devolutas que estão em poder de latifundiários e empresários do agronegócio para fazer a regularização fundiária. Enfrentar os conflitos agrários em que estão empresários e políticos, grandes responsáveis pelo aumento da miséria no campo, a partir da expulsão de milhares de famílias de posseiros contando com o apoio das fraudes em cartórios e de instituições dos poderes constituídos.

       O Chefe do Executivo Estadual terá também que buscar entendimentos com as direções do INCRA nacional e estadual, quanto aos inúmeros processos que foram nos últimos quatro anos postergados para atender interesses de políticos e empresários, que tinham o ex-vice-governador Washington Macaxeira e os ex-superintendentes colocados por ele na instituição para serem opressores de trabalhadores e trabalhadoras rurais e principalmente de quilombolas e povos indígenas para favorecer os acordos. O governador tem hoje na sua base politica, parlamentares defensores de latifundiários e os seus grandes negócios. Para garantir o seu compromisso, com certeza terá que romper com eles. A verdade é que vou esperar e torcer para que possamos efetivamente romper e destruir o câncer que domina o meio rural do Maranhão.

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